August 21, 2023 Notícias Nenhum comentário

O produto de maior volume da indústria de papel e celulose pode também ser uma solução para a Medicina. A celulose branqueada, o polímero natural mais abundante no mundo, pode ser usado no tratamento de queimaduras. Estudo realizado a partir de 2018 pelo pesquisador Washington Luiz Esteves Magalhães, da Embrapa Florestas, e por Francine Ceccon Claro, na época mestranda em Engenharia e Ciência dos Materiais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), usou a nanotecnologia para potencializar propriedades físicas e químicas que agregam maior valor à celulose para desenvolver uma membrana para uso na recuperação da pele queimada.

Os resultados mostraram que, por não ter porosidade, a membrana é adequada para aplicações como barreira. “A característica de translucidez favorece o acompanhamento da cicatrização sem a necessidade de retirada do curativo para avaliação da ferida”, afirma Claro. Outra vantagem é o custo de produção, que poderá ser até mil vezes menor que o de curativos disponíveis no mercado.

Apesar de o uso de membranas de celulose bacteriana como pele artificial ser comum desde a década de 1980, esse tipo de fabricação é um processo de baixo rendimento e alto custo. Por esse motivo, o grupo buscou um produto economicamente viável, além de eficaz.

“O objetivo do trabalho foi desenvolver membranas de nanofibrilas de celulose vegetal com adição de agente cicatrizante e bactericida como calêndula e nanopartículas de prata”, explica o pesquisador. A pesquisa utilizou o pinus como fonte da celulose. 

Ao longo dos anos, uma grande variedade de substâncias tem sido utilizada como agente protetor nas lesões por queimaduras. O princípio básico de um curativo para queimaduras é não agredir a pele, proporcionando um ambiente adequado para recompor o tecido: estéril, úmido e protegido do meio externo.

O que os testes com a nanocelulose revelaram é que o material tem potencial para uso como curativo, apresentando resultados de cicatrização semelhantes aos similares disponíveis comercialmente, sem sinais de rejeição. “A membrana de celulose vegetal é de fácil aplicação e manuseio e apresenta durabilidade e boa aderência à pele lesionada”, afirma Washington Magalhães.

Escrito por Felipe Stresser