No fim de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2022. Os valores cresceram 11,9% em relação a 2021, atingindo novo recorde de R$ 33,7 bilhões.
Se por um lado o setor cresce exponencialmente, a mão de obra disponível não segue a mesma linha. Um dos gargalos para a produtividade florestal brasileira está na falta de profissionais habilitados para operar os avançados equipamentos de colheita florestal. Apesar da evolução tecnológica dos últimos anos, a demanda ainda é grande por qualificação.
Em busca de soluções, um programa envolvendo o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e a Associação Paulista de Produtores, Fornecedores e Consumidores de Florestas Plantadas (Florestar São Paulo), começou a preparar profissionais para atuarem na operação de equipamentos do setor de florestas plantadas no estado de São Paulo.
Com participação direta da Bracell, empresa associada à Ibá e à Florestar São Paulo, foi lançada em setembro, a primeira turma do curso “Formação básica de operador de máquinas florestais”. São 147 horas de aulas no total. Pouco mais de dois meses, de segunda a sexta-feira, nas dependências do Senai de Lençóis Paulista, durante o período noturno.
O curso impacta positivamente toda a comunidade, a exemplo do Luciano Virginio de Souza, que está em busca de uma nova oportunidade profissional. “Sou soldador, mas no momento estou parado. Tenho três filhos e quando recebi a confirmação da seleção para o curso, me emocionei. É a chance de recomeçar profissionalmente e, com isso, proporcionar uma melhor qualidade de vida para minha família. Agradeço a Bracell pela oportunidade”, diz.
Voltado para quem tem interesse em ingressar no segmento de florestas plantadas, o curso não requer nenhum tipo de experiência anterior na função. “Os alunos estão aprendendo conceitos sobre o setor e desmistificando algumas crenças”, explica a gerente de Treinamento e Desenvolvimento da Bracell, Fernanda Kruse. “Eles têm aulas sobre solo, sobre como é o processo da operação de colheita, quais os tipos de máquinas florestais, como se opera uma máquina”, explica ela.
“É uma demanda permanente em nossa empresa. Queremos talentos para trabalhar na Bracell. Os alunos deste curso do Senai, que venham a ser contratados, darão continuidade dentro da nossa empresa em um módulo avançado, aprofundando as metodologias utilizadas pela nossa empresa, além do processo de colheita”, conclui ela.
A diretora-executiva da Florestar, Fernanda Abílio, conheceu a estrutura do centro de treinamento do Senai em Lençóis Paulista. Foi recebida por Jonas Donzella Junior, coordenador de relacionamento com a indústria, que contou sobre o histórico do centro, cursos disponíveis e em implantação. O coordenador também explicou como são desenvolvidas as parcerias com as indústrias e o processo de aprendizagem, com aulas teóricas e práticas. Fazem parte da estrutura do Senai salas com módulos que recriam ambientes industriais, tais quais o profissional encontrará nas empresas. Outra estrutura apresentada foi das escolas móveis.
“Voltei impressionada com a qualidade das salas de aula, dos aparatos técnicos e práticos disponíveis aos alunos. As escolas móveis são outra ferramenta incrível para atender ao ensino e formação profissional nas diversas áreas de atuação, direcionadas para a vocação industrial existentes no município de Lençóis Paulista e região”, contou a diretora-executiva da Florestar.
Além de Jonas, Laerte Lozigia, que é diretor da Escola Técnica em Jaú e Lençóis Paulista, também está liderando o programa de qualificação, que tem apoio da Florestar e da Ibá.
Em conjunto com outras entidades, como as associações estaduais e o Sistema S, a Ibá vem realizando um trabalho para endereçar as demandas específicas de cada estado com relação à formação e capacitação de mão de obra para o setor de árvores cultivadas.
“O setor vem fazendo significativos investimentos nos últimos anos, tanto em expansão quanto na construção de novas fábricas e operações. Consequentemente, a demanda por contingentes de profissionais, em diferentes áreas, é um dos maiores desafios. Neste sentido, a Ibá vem promovendo inúmeras discussões para elaborar uma agenda setorial visando à formação e capacitação de mão de obra. O objetivo é buscar sinergias, fortalecer as iniciativas já existentes e apoiar a elaboração de projetos estruturados de escopo setorial”, ressalta Patrícia Machado, gerente de Políticas Florestais e Bioeconomia da Ibá. O intuito é que iniciativas como a realizada na Bracell, em parceria com o Senai de Lençóis Paulista, lançada com o apoio da Ibá e Florestar, possam servir de modelo e inspiração para sanar o desafio da mão de obra, oferecendo modelos que possam ser replicados por outras empresas florestais. Como ressalta Machado, esta é uma pauta de todo o setor e que demanda uma abordagem colaborativa.