Artigo de Neslon Barboza Leite
A silvicultura brasileira deve atingir em 2024 o seu mais alto pico de atividades anuais de todos os tempos! Talvez estejamos plantando próximo de 1 bilhão de árvores em 2024!!!! Esse mundo de árvores, é a soma das áreas que estão sendo programadas para plantios de grandes indústrias consumidoras – fala-se em quase 400.000 ha das empresas de celulose, chapas, siderurgia e energia; juntam-se as áreas dos grandes produtores de madeira, mais as áreas fomentadas e os plantios de restaurações.
Dessa maneira, só de plantios de diferentes espécies para os diversos usos, a área deve estar próxima de 500.000 ha! Soma-se a isso as áreas colhidas e que estão sendo reformadas, e que deve estar ao redor de 300.000 ha! Assim, teremos cerca de 800.000 ha, compreendendo novos plantios e áreas reformadas! Admitindo-se em torno de 1.200/1300 mudas por ha, conclui-se que estaremos plantando em 2024 próximo de 1 bilhão de mudas!!!
Esse gigantismo da silvicultura brasileira remete-nos a importantes lembranças e reflexões:
1 – A origem desse processo é uma política pública bem sucedida – incentivos fiscais dos anos 70 – com muito aprendizado e que nada impede de ser repetida;
2 – A primeira grande virada no caminho do sucesso se deu com o expurgo de empresas devedoras – mais de 500 – e o uso de sementes de melhor qualidade – o IPEF com o saudoso Walter Suiter e sua equipe sob o comando do Eng. José Zani chegaram a colocar no mercado no período de incentivos fiscais cerca de 50 toneladas de sementes;
3 – O surgimento da clonagem do eucalipto proporcionou grande salto na tecnologia do dia-a-dia;
4 – A evolução tecnológica da silvicultura foi uma obra construída com a integração das universidades e empresas. Um exemplo que precisa ser alimentado permanentemente;
5 – O pacotão de procedimentos silviculturais sofreu adaptações e incorporou inovações, e a produtividade continua a rainha da festa. E precisa ser protegida. Para muitos é o grande desafio dos próximos anos;
6 – Pragas e doenças rondam a todo momento esse rico patrimônio. A defesa dessa riqueza deve ser problema para preocupações constantes de empresas, entidades de pesquisas e governantes. Esse riquíssimo patrimônio florestal não pode ser abalado;
7 – A sustentabilidade virou moda no setor. Há cuidados essenciais para dar legitimidade ao processo de sustentação. Integrar produtividade com a defesa dos recursos hidrológicos, biodiversidade, harmonização da paisagem, dentre outras variáveis, é caminhar na direção da sustentabilidade com melhorias contínuas e que ainda merecem muita atenção;
8 – Há se resgatar, mesmo que demande muito esforço, o pequeno e médio produtor. Estaremos abrindo mais áreas para plantios e enriquecendo o lado social da silvicultura. Essa parceria é a melhor e mais concreta contribuição que os grandes empreendimentos podem prestar às comunidades de seu entorno;
9 – As oportunidades que se vislumbram com restaurações, mercado de carbono e o uso de nossas espécies nativas poderão dar nova alavancagem à silvicultura brasileira. Temos exemplos a serem seguidos, empresas e entidades de pesquisas com profissionais capacitados e prontos a colaborar. Nada disso se move sem políticas públicas para orientar e motivar. Que nossos governantes não percam a oportunidade de promover nova alavancagem à silvicultura;
10 – Que 1 bilhão de árvores seja mais um marco para nossa reflexão e fortalecimento de nossa silvicultura e de todos que participaram dessa exitosa trilha!